Por que é tão difícil fazer uma vacina para o coronavírus?

Por que é tão difícil fazer uma vacina para o coronavírus?

Entenda aqui nesse post quais são as as dificuldades e os desafios de criar uma vacina correndo contra o tempo. No caso atual, a vacina contra o coronavirus.

A pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2) engatilhou uma corrida global em busca da vacina. Desde que o vírus se espalhou pelo mundo, pesquisas estão sendo realizadas em ritmo acelerado para se descobrir um jeito de imunizar as pessoas.

Mas, até o momento, mesmo com tecnologia de ponta, financiamento e os melhores cientistas do mundo debruçados no tema, ainda não foi possível criar uma vacina.

Por que afinal é tão difícil? Segundo artigo publicado na renomada Revista Science, existe uma série de obstáculos atrapalha o processo da construção de uma vacina, o qual por si só já é longo e trabalhoso. E o que é mais necessário, tempo, é justamente o que nos falta.

Aqui nesse post, vamos nos aprofundar sobre as dificuldades enfrentadas pelos pesquisadores nessa empreitada de achar uma solução para o proteger a humanidade. Fique conosco e descubra algumas respostas!

Como funcionam as vacinas antivírus?

As vacinas protegem as pessoas de serem infectadas por uma doença. Injeta-se no organismo uma parte do vírus ou a bactéria e em forma atenuada ou inativa. Hoje em dia, as tecnologias mais modernas permitem incluir apenas partes dos microorganismos, como proteínas e outros tipos de moléculas.

Assim, seu corpo reage aos antígenos e começa a produzir anticorpos para se proteger. Ou seja, você desenvolve imunidade sem ter a doença.

Conceitualmente, é simples. A questão é de que tudo que envolve biologia é demorado. O processo de criação de uma vacina pode levar mais de uma década. E mesmo assim, algumas vezes, não é possível. Nós já passamos por isso com o HIV, o vírus causador da AIDS.

No entanto, a maioria dos especialistas continua confiante de que uma vacina contra a Covid-19 irá surgir em breve. A emergência causada pela pandemia fez com que as agências reguladoras encurtasse o prazo para os testes exigidos.

Além disso, as tecnologias atuais conseguem abreviar o tempo exigido em algumas etapas do processo. Mesmo assim, o prazo mínimo deve ser de 12 meses a 18 meses – o que seria considerado um recorde.

Quais os desafios da vacina contra coronavírus?

De acordo com os autores do artigo na Science, a vacina só será desenvolvida se “existir uma abordagem colaborativa e coordenada, envolvendo empresas, governo e academia”. Isso porque os desafios são muitos e para superá-los é primordial de que haja um esforço coletivo. Vejam quais são os principais:

Vírus emergente

A humanidade conheceu o SARS-CoV-2 em novembro de 2019 (oito meses até o momento em que esse post foi escrito). Como mencionamos, esse é um tempo extremamente curto em termos de biologia.

A verdade é de que existe uma série de aspectos sobre como o vírus se comporta e infecta as células humanas que ainda não está totalmente esclarecido. Ainda não teve tempo hábil para resultados concretos. No entanto, algumas coisas já estão elucidadas sobre o…

Processo imune

É sabido de que existe uma resposta de anticorpos. Também de que existe uma resposta imune do tipo celular envolvida. No entanto, quais as características necessárias para que essas duas respostas estejam suficientes para imunizar a pessoa, ainda não se sabe.

Essa falta de conhecimento sobre como ocorre a imunização dificulta muito. A humanidade está se debruçando nesses estudos e desenvolvendo os protótipos vacinais simultaneamente.

Falta de tempo

Pois é, fica claro de que estamos correndo contra o tempo. É importante criar um processo de imunização que gere anticorpos capazes de proteger as pessoas. Porém, o lançamento de uma vacina só pode ocorrer depois de verificado se a tentativa de imunização não tornará o vírus mais agressivo.

Além disso, existem outras reações como alergias ou o desenvolvimento de uma resposta auto-imune, os quais precisam ser avaliados. Isso demanda mais tempo de pesquisa, justamente o que não temos. Principalmente para compreender melhor a…

Diferença de respostas

As pessoas são diferentes, certo? Isso acarreta respostas imunológicas diferentes ao vírus. A diversidade humana é tão ampla, envolve fatores como genética, idade, condições climáticas, hábitos… Enquanto idosos são mais suscetíveis, uma parte da população é assintomática.

Qual critério estabelecer para uma vacina ser considerada ideal? Para conseguir respostas, é necessário levantar dados sobre segurança e eficácia. Apenas com essas informações é possível emitir as licenças necessárias para começar a produção e distribuição.

Processo da vacina contra Coronavírus

Todas essas dificuldades listadas acima são referentes ao processo in vitro, aqueles conduzidos no laboratório. Pensa que depois de toda a teoria, ainda existe a prática, o in vivo. Ou seja, o uso experimental em seres humanos.

Os testes clínicos dividem-se em três fases. A fase 1 consiste na aplicação do produto em uma pequena quantidade de pessoas, examinadas posteriormente. Assim, é possível verificar se houve alguma reação e resposta imune. Essa etapa pode demorar cerca de seis meses.

Caso, tudo ocorra bem, algumas centenas de pessoas são selecionadas para a fase 2, a que avalia se o protótipo (veja que ainda não é a vacina propriamente dita) consegue de fato criar imunidade.

Nesta etapa, analisa-se como o processo funciona em indivíduos com características diferentes entre si. Naturalmente, se a quantidade de pessoas e dados é maior, o tempo para análise estende-se. Assim, o prazo dessa etapa pode superar seis meses.

Dessa maneira, damos início a próxima fase, a mais complexa onde serão realizados testes em larga escala em milhares de pessoas para confirmar segurança e eficácia.

Então, se tudo correr bem ao longo dessas três fases, o protótipo pode ser considerado uma vacina. Depois disso, pode-se começar a produção. Para fabricar milhões de doses são necessários alguns meses.

Mesmo depois de pronta, a vacina continua sendo monitorada em uma quarta fase, chamada de farmacovigilância. Desempenho, as reações adversas e a eficiência são alguns dos fatores constantemente avaliados, mesmo com o produto no mercado.

Pesquisas da vacina contra Coronavírus no Brasil

É um processo laborioso e trabalhoso. A redução do tempo no processo é possível apenas com união colaborativa. Sem contar no dinheiro, já que as pesquisas são caras. Hoje em dia, mais de US$ 4,5 bilhões foram investidos na busca da vacina.

Os maiores aportes foram realizados pelos países com mais recursos, como Estados Unidos, China e os localizados no continente europeu. Alguns avanços para a vacina do coronavirus já foram conquistados, recentemente os pesquisadores do Imperial College of London, na Inglaterra, aplicaram, pela primeira vez, uma dose de um novo protótipo em um voluntário, na considerada fase 1.

O Brasil destaca-se nas pesquisas no hemisfério Sul. O Instituto Butantan, localizado na cidade de São Paulo, em parceria com laboratório chinês Sinovac Biotech, pretende começar a produzir a vacina, chamada de CoronaVac.

Além disso, os testes em voluntários do protótipo desenvolvido pela Universidade de Oxford, começaram a serem conduzidos pelos pesquisadores na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), também na capital.

A humanidade está debruçada nesse intento, com a esperança de que uma vacina nos tire da pandemia que mobilizou o planeta. Tecnologia, pesquisa, dinheiro existe, o que falta, é o tempo.

Apenas um esforço coletivo pode acelerar algumas etapas do processo, como a burocracia que envolve os testes. No entanto, no que concerne a biologia, temos que contar com a esperança da cura e torcer para que chegue – rápido. Será um marco na história.

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